Perfil energético – Guiana
Matriz de combustível (combustíveis fósseis versus renováveis)
Mais de 90% do fornecimento total de energia da Guiana vem dos combustíveis fósseis; o resto é derivado da madeira, resíduos da cana-de-açúcar e outras energias renováveis.[1] Em 2020, os combustíveis fósseis representaram mais de 85% da capacidade instalada e quase 97% da geração elétrica na Guiana, complementados por contribuições pequenas de biocombustíveis, energia eólica e solar.[1] A meta oficial declarada pela Guiana é dobrar sua eficiência energética até 2030 e se aproximar da geração de energia 100% renovável até 2040[2], embora o desenvolvimento dos recursos de combustível fóssil recentemente descobertos no país possa interferir nesses objetivos.
Metas de emissões de gases de efeito estufa
A mineração e a exploração madeireira eram responsáveis pela maior parte das emissões de gases de efeito estufa da Guiana até recentemente.[3] A maioria das 2,39 milhões de toneladas de emissões de CO2 da Guiana (3,05 toneladas per capita) em 2019 foram associadas à silvicultura e mudanças no uso da terra.[4] Espera-se um aumento substancial nas emissões de gases de efeito estufa na Guiana, dado seu status emergente como um grande produtor de petróleo e gás.[5] O plano da Contribuição Nacionalmente Determinada da Guiana não estabelece uma meta específica de redução das emissões, mas exige medidas de mitigação como a conservação da terra, a redução do impacto da exploração madeireira e uma ênfase maior em energias renováveis.[3]
Agências governamentais de energia e outros players principais
Ministério nacional de energia
A GEA (Agência de Energia da Guiana) é responsável por desenvolver a política nacional de energia da Guiana e assegurar sua implementação.[6]
A partir de 2021, a GEA tem a tarefa de aumentar a participação da mão de obra local, fornecendo programas de treinamento para atender às demandas de emprego que devem atingir o pico em 2027.[7]
Agências licenciadoras e regulatórias
O MNR (o Ministério de Recursos Naturais) supervisiona a GGMC (Comissão de Geologia e Minas da Guiana), a GFC (Comissão Florestal da Guiana), o GGB (Conselho Aurífero da Guiana) e o PCG (Comissão do Petróleo da Guiana). O MNR é responsável pelo desenvolvimento, implementação e supervisão de políticas na Guiana com relação à exploração, desenvolvimento, utilização e conservação de recursos naturais.[8]
Empresas concessionárias de energia elétrica
A GPL, empresa estatal de eletricidade da Guiana (Guyana Power and Light Inc.) detém o monopólio da geração de energia.[9]
Companhia petrolífera nacional
A Comissão de Petróleo da Guiana foi programada para se tornar a principal entidade que governa a indústria de petróleo e gás da Guiana até o final de 2021.[10][11] As primeiras responsabilidades da Comissão de Petróleo incluem a gestão de licitações por empresas internacionais de petróleo por áreas tanto onshore quanto offshore, ao mesmo tempo em que muda a forma como negocia e finaliza contratos para exploração.[12]
Principais empresas de energia
As empresas estrangeiras de energia detêm muitos blocos de petróleo na Guiana. As empresas de destaque incluem ExxonMobil, Hess Corporation, Anadarko Petroleum Company, CGX e Eco Atlantic.[13][14][15]
Uso de eletricidade
Capacidade instalada
A partir de 2020, a Guiana tinha uma capacidade elétrica instalada de 337 MW, com base em uma mistura de combustíveis fósseis (85,27%), biomassa (12,46%), solar (2,26%) e eólica (0,01%).[1] Mas devido a infraestrutura defeituosa, mais de um quarto da eletricidade é perdido durante a transmissão e distribuição.[2]
Produção
A Guiana produziu 1136 GWh de eletricidade em 2020, 96,81% provenientes de combustíveis fósseis e 3,19% de fontes renováveis.[1] A partir de 2021, a Guyana Power and Light era responsável por 100% da produção. A empresa tem recebido críticas devido à falta de energia elétrica confiável, alto custo e linhas de transmissão e de distribuição defasadas.[9] Iniciando em 2020, o governo da Guiana tomou medidas para reduzir o custo da energia elétrica, principalmente através de esforços de diversificação de energia.[16]
Demanda
A demanda de energia elétrica foi de 124,9 MW em 2018.[2] Em 2020, 89,7% da população urbana e 80,3% da população rural tinha acesso à energia elétrica.[2] Foram implementados programas para promover o acesso das populações rurais a redes de pequena escala, baseadas principalmente em energias renováveis.[3][17]
Consumo
Em 2019, a Guiana consumiu 0,79 bilhões de kWh de energia.[9] Por ser cara na guiana, a energia elétrica representa grandes desafios para seus residentes e empresas.[9][18]
Carvão na Guiana
A Guiana não produz, consome ou importa carvão. [19]
Petróleo e gás natural na Guiana
Produção interna nacional
O governo da Guiana mantém o controle sobre o desenvolvimento e a produção de petróleo em alto mar.[20] A Guiana é um país de interesse desde a descoberta do campo de petróleo Liza I em 2015, o que levou a investimentos grandes na exploração e a novas descobertas em blocos em alto mar, como Stabroek e Kaieteur.[14][15][21][22] De acordo com estimativas recentes, a Guiana se tornará a maior fonte de combustíveis fósseis da ExxonMobil em todo o mundo em 2025, com a produção de petróleo e gás da Guiana ultrapassando os rendimentos dos campos da empresa na Bacia do Permian, no Texas.[23] A Guiana precisa atualizar a sua capacidade técnica e administrativa, necessárias para uma gestão e regulamentação bem-sucedidas da indústria do petróleo.[21]
Importações e países de origem
O petróleo refinado foi a maior importação da Guiana (26,4%) durante junho de 2020 e o petróleo bruto foi a sua maior exportação (43,3%).[24]
Novas fontes e projetos propostos
Com o intuito de reduzir custos e substituir usinas de óleo combustível, a Guiana pretende ampliar o uso de gás natural produzido internamente.[18][25] O governo da Guiana anunciou, em 2021, uma parceria com a ExxonMobil para trazer mais gás natural ao país por meio do Liza Gas Pipeline proposto e de uma nova instalação do tipo gas-to-shore (transporte de gás extraído em alto mar para processamento na costa), no local da Fábrica de Processamento de Açúcar em Wales Estate, abandonada.[25]
Devido ao número de descobertas de petróleo no território da Guiana, prevê-se que o país produza mais de 800.000 barris de petróleo bruto por dia até 2026, o que é mais desejável para as empresas petrolíferas devido às condições favoráveis (petróleo bruto de alta qualidade, baixos preços de equilíbrio, e um ambiente regulatório favorável).[26] As descobertas da ExxonMobil, Total Energies e Tullow Oil estimam que a Guiana tenha 10 bilhões de barris de reservas de petróleo bruto.[27]
Energia renovável na Guiana
O governo da Guiana identificou as energias eólica, solar, biomassa e hidrelétrica como as quatro principais em sua proposta para gerar 100% da eletricidade do país através de fontes renováveis.[3] O país tem potencial para hidrelétricas de pequena e grande escala[3][9], incluindo o projeto proposto Amaila Falls, com 165 MW.[28] Para os investimentos em energia eólica e solar, estão em vigor concessões fiscais e abatimentos de capital.[9] Com uma média de 12 horas de luz solar ao longo do ano, A Guiana é ideal para a exploração de energia solar.[29]
Em novembro de 2021, os projetos solares estão focados no fornecimento de energia para comunidades indígenas remotas com projetos eólicos e solares em maior escala, contribuindo mais substancialmente para a matriz energética entre 2027 e 2032.[30]
A Guiana planeja expandir a capacidade hidrelétrica para atender às demandas de energia.[31]
Impactos ambientais e sociais da energia na Guiana
Os especialistas expressam preocupação com os impactos ambientais e de direitos humanos negativos associados ao rápido desenvolvimento de reservas offshore de petróleo e gás da ExxonMobil, citando uma supervisão governamental fraca e o potencial para um grande derramamento à medida que a ExxonMobil aumenta a produção para 800.000 barris por dia até 2025.[23] Um estudo de 2021 estimou que um grande derramamento de petróleo na costa da Guiana poderia afetar a maior parte da região do Caribe, estendendo-se para o norte até Cuba, Haiti e República Dominicana, e para o oeste até a costa de Honduras e Nicarágua..[32]
Países em desenvolvimento, que são pequenas ilhas e em zonas costeiras de baixa altitude, como a Guiana, estão particularmente vulneráveis aos eventos climáticos catastróficos associados às mudanças climáticas.[3] Embora muitos tenham elogiado os benefícios ambientais da redução das emissões de CO2 que estão associadas à transição planejada pelo governo (de petróleo pesado para gás natural produzido nacionalmente)[18], o aumento das emissões de metano resultante do desenvolvimento de gás natural pode representar um risco quanto à compensação de impactos climáticos adversos.[33]
Aumento do nível do mar, inundações, poluição e água salgada contaminando poços e aquíferos são as principais preocupações da Guiana com relação às mudanças climáticas antes de 2030.[34] Georgetown será uma das nove principais cidades subaquáticas do mundo até 2030 se não houver mudança nos gases de efeito estufa projeções de emissões.[35][36] No entanto, os incentivos econômicos do desenvolvimento do petróleo levaram as autoridades na Guiana a ignorar os impactos ambientais e sociais; o Fundo Monetário Internacional projetou um aumento do PIB per capita de US $ 8.140 entre 2021 e 2026.[36] Um documentário Reel do 2020 captura a urgência de "galgamento" das paredes do mar na Guiana.
Referências
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